O jardim que sobe pelas paredes

Para quem tem pouco espaço e muita vontade de cuidar de plantas, o jardim vertical pode ser a solução

Ter um jardim e morar num apartamento são coisas que não combinam, certo? A não ser que as plantas cresçam nas paredes, claro. Pois é exatamente essa a idéia do jardim vertical, que, segundo o New York Times, é tendência nos EUA. A diferença entre eles e os muros verdes compostos de trepadeiras é que as espécies não são plantadas no solo. Elas se desenvolvem em fibras como a de coco, por exemplo, aplicadas a um grid montado no local escolhido.

O botânico francês Patrick Blanc é considerado o precursor da ideia, cujos experimentos começaram em 1988. A inspiração veio de observar vegetais que vivem em penhascos, entradas de cavernas e rochas. Para drivlar o problema do crescimento de raízes, que pode danificar paredes, Blanc concluiu que basta que as plantas tenham acesso à água com regularidade. Sem ter a necessidade de crescer muito para encontrar o recurso, elas se espalham apenas na superfície.

O trabalho vertical mais marcante de Blanc é a fachada do museu Quai Branly, em Paris, na França. A superfície, de 800 metros quadrados, tem 15 mil espécies de plantas, originadas do Japão, da China, dos EUA e da Europa Central.

Será que vai dar certo na minha casa?Verde sempre cai bem em qualquer ambiente. A dica de especialistas é priorizar a iluminação da área que vai abrigar o jardim vertical. É muito importante que haja luz natural – direta ou indireta – pois é condição fundamental para que as plantas se desenvolvam. Profissionais de jardinagem indicam que as estruturas sejam montadas em varandas, jardins de inverno, paredes próximas a janelas grandes, muros externos ou fachadas. Quartos, lavabos sem janelas e cozinhas devem ser esquecidos como opções.

Um detalhe decisivo para a instalação é ver se um jardim vertical combina com o estilo de vida do morador do imóvel, já que as plantas devem ser regadas com bastante frequencia, ou corre-se o risco de deixar uma parede inteira seca, não apenas um ou dois vasinhos.

Jardins verticais são uma boa alternativa para ambientes pequenos, que não comportem o cultivo de plantas no chão – mas nada impede que sejam usados em espaços maiores. Nesse caso, a sugestão de arquitetos é colocar quadros de madeira rústica com vasos, porque isso permite que o proprietário misture diferentes opções de plantas, com texturas e cores variadas, fugindo da monotonia.

Como montar?
A proposta original do botânico Blanc é composta por uma estrutura de metal, um grid, que pode ser de PVC para ter bastante resistência, coberto por uma camada de feltro para dar espaço para o crescimento das raízes. Arquitetos e designers ainda indicam fibra de coco e as molduras com vasos – compradas prontas em lojas especializadas. O kit pronto é a sugestão para quem quer usufruir o jardim e não vai contar com a assessoria de um profissional para a instalação, pois basta pregá-lo à parede. Nos EUA, kits da ELT, famosa por fazer telhados verdes, custam a partir de US$ 40 por 10 centímetros quadrados.

Os sistemas podem tanto ser regados manualmente como ter irrigação automática. O melhor é deixá-los em um lugar cujo chão possa ser molhado – pisos acarpetados não são a melhor idéia.

Tudo pronto, agora que espécies de plantas usar? Converse com os próprios vendedores de floriculturas. O critério de escolha deve ser adequado não apenas à estética, mas à quantidade e tipo de luz que o local escolhido para a montagem vai receber.

(Com informações traduzidas do jornal The New York Times)